A Assombração
A Assombração
O Aranha resolveu passar uns dias em Saquarema. Ele tinha uma irmã emprestada que tinha uma casa na praia, por isso muitos dos pescadores da cidade já o conhecia, pois ele estava sempre por lá.
Ele gostava de ir na baixa temporada, nessa época ele podia jogar conversa fora com os pescadores. A noite eles sempre se reuniam para comer peixe assado na brasa, beber pinga e contar casos acontecidos ou inventados.
Naquela noite o assunto era assombração. Cada um contava. um caso mais aterrorizante que o outro. E desce pinga a garganta queimando e sobe pinga a mente embaralhando.
E naquela de assombração vem, assombração vai, o tempo mudou, anunciando um temporal. Todos se despediram e foram para suas casas e o Aranha que morava mais longe se pôs a caminhar. Estava muito escuro, não havia iluminação pública no caminho até sua casa.
Com os relâmpagos e os trovões as sombras da noite parecem sinistras. O álcool começou a fazer efeito e o medo surgiu.
De repente o Aranha estagnou, olhos arregalados, coração querendo saltar pela boca, pernas trêmulas, com os relâmpagos ele viu, não nitidamente, pois era míope e seu óculos estava quebrado, mas ele ouviu um gemido e dois braços que o chamava, porém não havia cabeça.
-Meu Deus! O que é aquilo? Só pode ser assombração. Dois braços sem cabeça me chamando.
Pensou em voltar, mas o outro caminho para sua casa era uma trilha no meio do mato, onde havia muitas cobras, então decidiu encarar a assombração.
A assombração estava numa vala pluvial e havia uma ponte sobre ela por onde o Aranha teria que passar. Num ímpeto de desespero, Aranha pegou um pedaço de pau e partiu para cima da assombração.
O medo era tanto, que só quando estava a uns 5 metros da vala ele notou que os braços eram pernas e que os gemidos era um pedido de socorro.
Geralda a bebum da praia havia caído na vala pluvial com as pernas para cima e com era muito gorda e sempre estava bêbada não conseguiu sair.
Depois de ajudá-la Aranha seguiu seu caminho, o mais rápido que pôde, pois suas pernas ainda estavam trêmulas, os olhos ainda arregalados e o coração ainda disparado pelo medo.
Texto Retirado do Livro OS CONTOS DO ARANHA