Texto da carta de renúncia de Abílio Lucas
“ Ao Sr. Presidente
Da casa do povo e sustentáculo da democracia,
da qual faço parte como um dos representante eleito
por meu Estado. Venho por esta dizer que é com
muita tristeza e alívio que hoje eu Deputado Federal
Abílio Lucas da Silva renuncio ao meu mandato.
Tristeza porque fui eleito por um povo que
confiou em mim, que me deu uma procuração através
do seu voto para defender seus direitos e por uma
série de motivos alheios a minha vontade, não pude
concretizar o meu intuito de defendê-lo.
Quando entrei para a política, meu objetivo era
respeitar os direitos do povo. Porque é ele que paga o
meu salário.
O Parlamentar não pode usar esta procuração
para roubá-lo. Não pode deixar o seu “Patrão” que é o
povo, na miséria e usar o dinheiro público em
benefício próprio. Não pode aceitar propinas para
calar a boca ou fechar os olhos de CPI’s, para que seu
“Patrão” não saiba das sujeiras que são feitas com seu
dinheiro.
Não pode aumentar o seu salário em tantos por
cento e dar uma migalha para o povo seu “Patrão” e
dizer para ele, com um sorriso nos lábios, que com
esse Salário Mínimo ele tem que viver dignamente. O
Parlamentar não pode transformar sua caneta em
pistola, para com a sua assinatura, matar o povo de
inanição, desidratação e indignação.
Cada uma das gravadas que nós
Parlamentares usamos, vale mais que o Salário
Mínimo. As canetas que deveríamos usar em
benefício do povo, também valem mais que o Salário
Mínimo. Isso sem contar os prendedores de gravatas,
abotoaduras em ouro e outros itens muito usados por
nós, nessa que deveria ser a “Casa do Povo”.
Esse mesmo povo, proprietário não só do
nosso mandato como de toda a riqueza que
usufruirmos, não tem onde morar. Enquanto comemos
salmão, ele não tem com que se alimentar. Andamos
em carros de luxo, enquanto os verdadeiros donos da
nação, não tem moedas para pagar sua condução.
O dinheiro pago a um só Parlamentar daria
para imunizar milhares de brasileiros contra o Tifo,
doença erradicada em vários países e que ainda mata
nossa gente.
CONTINUA